As
Teorias- Não- Crítica da Educação
A
sociedade é um todo orgânico composto por seres humanos que se integram
formando esse todo, dentro do qual tem seus valores cívicos, morais, culturais,
religiosos e educacionais, ou seja, está composta de elementos que formam sua
estrutura social,... “o que importa é integrar em sua estrutura tanto os novos
elementos (novas gerações), quanto os que por qualquer motivo, se encontram à
sua margem”(Luckesi,1994, p.38) .
De
acordo com estimativas obtidas através de pesquisa realizada nos anos de 1970,
“cerca de 50% dos alunos das escolas primárias abandonavam a escola em
condições de semi-analfabetismo ou analfabetismos potencial na maioria dos
países da América Latina. ”Isso sem levar em conta a quantidade de crianças que
deveriam está inseridas no ambiente
escolar que se quer tem acesso à escola, e se encontram a priori marginalizado,
ou seja, deixados à margem da sociedade e da escolarização.
Surge então a pergunta como as teorias
da educação se posicionam diante dessa situação? As teorias ou tendências da
educação dividem-se ou classificam-se em duas para alguns críticos, entre os quais
está Saviani e em três grupos para outros
também nos quais está Luckesi: No primeiro grupo estão as teorias
que diz ser a educação um instrumento de equalização social, ou seja, de
superação da marginalidade, denominadas de ‘‘teorias não-críticas ou redentoras.”O segundo são as ‘‘teorias–reprodutivistas”que
entendem ser a educação um instrumento de descriminação social, logo, um fator de marginalização, pois, o não alfabetizado
está à margem da sociedade, e o terceiro diz
ser a educação um fator de transformação, no qual estão as ‘‘teorias da
Educação como transformação da sociedade.”
Para o primeiro grupo a sociedade é concebida
como essencialmente e harmoniosa, buscando a integração de seus membros, e
considera o problema da marginalidade como um fenômeno que ocorre ou surge por
acidente afetando, individualmente seja em número maior ou menor de membros. Ou
seja, a educação não é a causa da marginalidade, mas instrumento redentor pelo
o qual o individuo pode atingir á ascensão social, sendo a marginalidade um
sinal de ignorância. ‘‘É marginalizado na nova sociedade quem não é esclarecido.
“A escola surge como antídoto à ignorância, logo, um instrumento para equacionar
o problema da marginalidade” (Saviani,2008,p.
5).
Portanto essa teoria toma como quesito
de criticidade a percepção dos condicionamentos objetivos julgando a educação
como autônoma e buscando compreendê-la a partir dela mesma.
‘‘A
educação seria, assim, uma instância quase que externa à sociedade, pois, de
fora dela, contribui para o seu ordenamento e equilíbrio permanentes. A
educação, nesse sentido, tem por significado e finalidade a adaptação do
individuo à sociedade. Deve ‘‘reforçar os laços sociais, promover a coesão
social e garantir a integração de todos os indivíduos no corpo social”(Luckesi,
1994, p. 38).
Teoria
Crítica- Reprodutivista da Educação
Esta teoria ou tendência, diz ser a
educação parte integrante da sociedade e que a mesma a reproduz com suas
determinadas condições, sociais, politicas, econômicas e culturais, as
denominadas“teorias críticos- reprodutivistas da educação,” se
dispõem a compreender a educação a partir dos seus elementos determinantes e
essenciais para sociedade, os seus
defensores dizem ser a educação exclusivamente a serviço sociedade. A diferença entre ambas as teoria,
é que a primeira diz ser a educação a retentora da sociedade, ou seja, tem
o papel de corrigir os problemas e melhorar os desvios existentes, pois não
entendem ser a função básica da educação reproduzir a sociedade, mas sim
produzi-la e transformá-la.
A teoria critico- reprodutiva não produz
novos elementos na sociedade, mas apenas reproduz os já existentes da forma em
que estão, ou seja, esse modelo não pretende criar um modelo de educação para
agir, não se traduz na pedagogia, porém apenas demonstrar como a educação atua
dentro da sociedade. ‘‘A tendência crítico- reprodutivista não propõe uma
prática pedagógica, mas analisa a
existente, projetando essa análise para o futuro”(p. 42).Sendo que ela não
redime as mazelas da sociedade nas quais está inserida a marginalidade, mas os
reproduz e se possível os mantém perpetuamente.
Teoria
Crítico ou de Transformação da Educação
A terceira teoria ou tendência da
educação que pode ser denominada de ‘‘crítica” é defendida por seus teóricos
como a teoria que não segue o ilusório otimismo quanto medida de interpretar o
modelo de educação vigente dentro dos seus determinantes sociais, como meio pelo qual pode-se erradicar a
marginalização. ‘‘Assim ela pode ser uma instância social, entre outras, na
luta pela transformação da sociedade, na perspectiva de sua democratização
efetiva e concreta, atingindo os aspectos não só políticos mas também sociais e
econômicos” ( p.49).
Os teóricos desse modelo de educação que
acreditam assim fazer a sociedade atingir seu ápice, com a educação cumprindo sua função de
reforçar os laços sociais, sendo fator de correção da marginalidade,
contribuindo para a constituição de uma
sociedade justa onde os indivíduos aceitam uns aos outros com suas diferenças e
respeitam suas individualidades.
O crítico em educação Luckesi, autor do
livro Filosofia da Educação, nos faz uma pergunta da qual ele propõe a
resposta, que sentido pode ser dado à educação, como um todo, dentro da
sociedade? Na expectativa de que a educação é a solução dos problemas de
marginalização, ele nos diz que:
“Alguns responderão que a educação é responsável
pela direção da sociedade, na medida em que ela é capaz de direcionar a vida
social, salvando-a da situação em que se encontra; um segundo grupo entende que
a educação reproduz a sociedade como ela está; há um terceiro grupo de pedagogos
e teóricos da educação que compreendem a educação como uma instância mediadora
de uma forma de entender e viver a sociedade. Para estes a educação nem salva
nem reproduz a sociedade, mas pode e deve servir de meio para a efetivação de uma concepção de
sociedade”(Luckesi,1994,p.37).
A Pedagogia Tradicional datada nos “sistemas
nacionais de ensino” de meados do século XIX teve sua organização inspirada no
princípio de que a educação é direito de todos e dever do Estado. A educação
torna-se dever do Estado, porém as políticas estaduais de criar novas escolas
e/ou adequar as já existentes não beneficiam a todos que precisam, causando
assim um dos motivos de
marginalização social, pois a maioria
das crianças em idade escolar se quer conhecem a escola.
As críticas á pedagogia tradicional
suscitadas no final do século XIX, aos poucos foram dando origem a pedagogia
nova, porém mantinha a crença no poder da escola como fator provedor de
equalização social . Portanto, criou-se esperanças de que se pudesse corrigir o
fenômeno da marginalidade, por meio da escola, se antes a escola não estava
cumprindo essa função, devia-se ao tipo de escola implantado, ou seja, a Escola
Tradicional, que se revelou inadequada.
Pedagogia
Tecnicista
Ao findar a primeira
metade do século XX, com o esgotamento do escolanovismo surgi a pedagogia
Tecnicista da educação,na qual o
elemento principal não é mais
o professor ou o aluno mas os elementos do meio contidos no processo, pois o mesmo decide o que farão quando e como. Para a pedagogia
tecnicista como nos esclarece Saviani, a marginalidade não será identificada com a ignorância e nem como sentimento de rejeição,
pelo contrário o marginalizado será o incompetente.
“A educação estará contribuindo para superar o
problema da marginalidade na medida em que formar indivíduos eficientes, isto
é, aptos a dar sua parcela de contribuição para o aumento da produtividade da sociedade” (Saviani,
2008,p. 11).
Para assim cumprir sua
função de formação social, no contexto teórico a equalização social, é
identificada com o equilíbrio do sistema, com isso a marginalidade, isto é, a
ineficiência e improdutividade, constituem – se numa ameaça à estabilidade do
sistema. A pedagogia tecnicista buscou criar um modo de ensino dotado de uma
organização racional que seria capaz de minimizar os elementos interferentes e
subjetivos que pudessem de alguma forma pôr em risco a sua qualidade
e eficiência, surgi assim também os parcelamentos do trabalho pedagógico com a
especialização de funções, introduzindo-se no sistema de ensino técnicos dos
mais diferentes matizes.
... “Os homens são
essencialmente diferentes; não se repetem; cada indivíduo é único. Portanto, a
marginalidade não pode ser explicada pelas diferenças entre os homens,
quaisquer que elas sejam: não apenas diferenças de cor, de raça, de credo ou de
classe, o que já era defendido pela pedagogia tradicional; mas também
diferenças no domínio do conhecimento, na participação do saber, no desempenho cognitivo”(Saviani, 2008, p.07).
Digo mais, a sociedade não é homogênea, então os problemas sociais devem ser tratados de acordo com seus fatores sociais, econômicos e culturais, a educação não é a redentora da pátria, mas ainda é um fator de ascensão para muitos que estão a margem.
GOSTEI TA DE PARABÉNS!
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